quarta-feira, 30 de março de 2011

Fernando Barbosa Lima

Um país só vai se libertar do terceiro mundo, o dia que descobrirem  que a cultura e a educação caminham lado a lado com a economia. Nesse dia vamos ter um grande Brasil, e teremos um grande orgulho desse brasil!

Fernando Barbosa Lima

segunda-feira, 28 de março de 2011

Contos Amazônicos de Inglês de Sousa

Contos amazônicos
Inglês de Sousa


Contos Amazônicos”, do paraense Inglês de Sousa, destaca-se na literatura nacional pelo que representou no naturalismo de língua portuguesa. Dosando ficção com o relato descritivo de uma das regiões do País mais suscetíveis a lendas e estórias — a Amazônia.
Inglês de Sousa (1853-1918) foi testemunha de uma notável época de transformações
políticas, religiosas e literárias no Brasil.

À questão social, vista na chaga vergonhosa da escravidão, segue-se a questão religiosa, abalando os alicerces do catolicismo, até então intocável.
A guerra do Paraguai mostra as deficiências da organização militar e faz a monarquia sofrer os primeiros abalos.
O Segundo Império deixava escapar a sua falência, subjugado pelo espírito das campanhas abolicionista e republicana, que se acentuam a partir de 1870.

É nesse contexto que Inglês de Sousa escreve seus Contos amazônicos, publicados em 1893.
Os contos são como capítulos seriados de um romance que situa e constrói a região amazônica
aos olhos do leitor e em que o exótico é aos poucos transfigurado, transformando-se na coisa
como ela é. Nietzsche falava que somente aquilo que é maior — o presente, seria
capaz de julgar o passado.
É preciso parâmetro para se lançar ao julgamento do que é, de fato, boa literatura, a ser
guardada nos manuais para a posteridade.
“Contos Amazônicos”, do paraense Inglês de Sousa, respeita esses preceitos, destacando-se
na literatura nacional pelo que representou no naturalismo de língua portuguesa.
As nove histórias que compõem a obra mostram o vigor lingüístico do autor, dosando
ficção com o relato descritivo e, portanto real, de uma das regiões do País mais suscetíveis
a lendas e estórias — a Amazônia.

Inglês de Sousa enquadra-se no mesmo time de escritores influenciados pelo cientificismo
nas últimas décadas do século XIX e através da literatura francesa, sobretudo de Émile Zola.
Para esses autores, a ciência seria capaz de justificar todos os fenômenos da natureza,
inclusive o modo como o homem se sobressai às forças naturais. Alia-se a isso a série de
mudanças que o autor acompanha no país, como a derrocada de crenças e instituições à
época em falência. Esses cenários fizeram de Inglês de Sousa um personagem diferenciado
entre os demais autores de sua escola literária.

Em “Contos Amazônicos”, o naturalismo aproxima os textos de Sousa, quase crônicas da
selva, de um enfoque jornalístico ou histórico.
A literatura sai ganhando com as descrições minutas do cenário principal, a floresta,
e com o vocabulário regional, inclusive citado ao final do livro em glossário.

“Contos Amazônicos” recupera a imagem da luta do homem com o meio selvagem,
somando-se a isso os embates sociais e políticos do final do século XIX .
O compromisso de Inglês de Sousa, que também ocupou cargos públicos, é com a realidade,
daí o realismo naturalista pulsante em seus textos, uma homenagem a região em
que nasceu e viveu antes de mudar-se para São Paulo.








Biografia -Inglês de Sousa Herculano Marcos Inglês de Sousa, advogado, professor, jornalista, contista e romancista,
nasceu em Óbidos, Pará, em 28 de dezembro de 1853, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ,
em 6 de setembro de 1918.
Sob o pseudônimo de Luiz Dolzani, publicou três romances: O Cacaulista (1876),
Histórias de um pescador” (1876), “O Coronel Sangrado” (1877) e
sua obra-prima, segundo os críticos, “O missionário”.
O autor publicou ainda diversas obras jurídicas, destacando-se em cargos públicos.
Para Inglês de Sousa, a selva — com os seus ímpetos naturais — se
contrapõe aos artifícios da vida hipócrita e preconceituosa das vilas do
Norte do país, na sua época.
Compareceu às sessões preparatórias da criação da Academia Brasileira de Letras, onde fundou a Cadeira n. 28, que tem como patrono Manuel Antônio
de Almeida. Na sessão de 28 de janeiro de 1897 foi nomeado tesoureiro da
recém-criada Academia de Letras.

Fez os primeiros estudos no Pará e no Maranhão. Diplomou-se em Direito pela Faculdade
de São Paulo, em 1876. Nesse ano publicou dois romances, O Cacaulista e História de
um Pescador, aos quais seguiram-se mais dois, todos publicados sob o pseudônimo Luís Dolzani. Com Antônio Carlos Ribeiro de Andrade e Silva publicou, em 1877, a Revista Nacional,
de ciências, artes e letras. Foi presidente das províncias de Sergipe e Espírito Santo.
Fixou-se no Rio de Janeiro, como advogado, banqueiro, jornalista e professor de
Direito Comercial e Marítimo na Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais.
Foi presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros.

Quando estudamos as escolas literárias no ensino médio, a "decoreba" sempre nos fez
lembrar de nomes e datas referentes ao início ou final da vigência de cada
estilo. Mal sabíamos que com esse simples método antiquado de
aprendizado, estávamos ajudando a perpetuar uma das maiores
injustiças com um escritor amazônico.
O paraense Inglês de Souza, comprovadamente o introdutor do Naturalismo no Brasil, não é reconhecido pelos historiadores da literatura brasileira como tal.
Este título é atribuído ao maranhense Aluísio de Azevedo, inegavelmente mais célebre, mas injustamente "premiado".


FONTE:
http://www.academia.org.br/imortais.htm

Obras:
 
    O Cacaulista, 1876
    História de um pescador, 1876
    O coronel sangrado, 1877
    O missionário, 1891
    Contos amazônicos, 1893
    Alguns Textos
    Tentação
    Diversas obras jurídicas
    Colaboração na imprensa de São
Paulo e do Rio de Janeiro.

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